“Somos pois filho amado, os Inconfidentes da Majestade Suprema, os decaídos do Éden da Pureza, os temerosos satãs, que, pelas regiões de diversos orbes, semeamos a dor, a discórdia, o ódio é vindita…
Não somos porém Perpétuos Galés do pecado.
Podemos libertar-nos de todas as incorreções, conseguir alforrias e venturas eternas trabalhando, padecendo cristãmente, resignando-nos nos momentos de rispidas provas, orando, estudando, elevando-nos moralmente, expurgando do coração os detritos dos vícios e das maldades…
Escoam-se os séculos de acervos expiações… mas as penas não são infindas – cessam um dia, e, então, os contritos e os redimidos conquistam a felicidade sem limites!
A ventura, pois, e não a dor, é que tem duração Perpétua.
Não aguarda, porém, aos evoluídos, a beatitude ou a inação, que tornaria enfadonha improdutiva e imortalidade transcorrida em um só paraíso, que poderia ser por um portento, mas perderia por todo encanto; ficaria banalizando sorvedouros dos milênios, no mesmo ambiente, no mesmo horizonte, cumprindo os mesmos deveres, com os mesmos conhecimentos, gozando, às vezes, egoística ventura, sabendo que um ente idolatrado – pai, mãe, irmão, filho, consorte ou amigo – está encerrado nas verbas, atormentado pelas chamas implacáveis, sempre avivadas pelos tridentes diabólicos… Por toda Eternidade!
Os regenerados tem de completar seu tirocínio, apenas começando neste orbe, num horizonte o mais vasto: o Infinito lhes é patenteado!
Eles percorrem todos os recantos do universo em miríades de decênios de profícuas aprendizagens.
Adquirem conhecimentos valiosos sobre todas as artes e ciências, arquivam no íntimo tesouros de virtudes, servem e obedecem inteligentemente, como súditos fiéis, à incomparável Alteza da qual, às vezes, são emissários desvelados, prestando o seu turno auxílio benéfico aos que iniciam penosas jornadas em planetas inferiores, onde a luz é esmola do Sol, onde as trevas imperam nos ares e nos espíritos…
Esta é a redenção do Lúcifer humano.
Eis, filho dileto, respondidas as primeiras arguições da tua alma ávida de revelações superiores.
Sacia-te delas, tal como os hebreus guiados por Moisés se dessedentavam com o Maná Celeste…”
(Vitor Hugo – Redenção – por Zilda Gama PG 29-30)