Fé Intelectual

“Então, começareis a dizer: Temos comido e bebido na tua presença e tens ensinado nas nossas ruas.” — Jesus. (LUCAS, capítulo 13, versículo 26.)

O versículo de Lucas, aqui anotado, refere-se ao pai de família que cerrou a porta aos filhos ingratos.

O quadro reflete a situação dos religiosos de todos os matizes que apenas falaram, em demasia, reportando-se ao nome de Jesus. No dia da análise minuciosa, quando a morte abre, de novo, a porta espiritual, eis que dirão haver “comido e bebido” na presença do Mestre, cujos ensinamentos conheceram e disseminaram nas ruas.

Comeram e beberam apenas. Aproveitaram-se dos recursos egoisticamente. Comeram e acreditaram com a fé intelectual. Beberam e transmitiram o que haviam aprendido de outrem.

Assimilar a lição na existência própria não lhes interessava a mente inconstante.

Conheceram o Mestre, é verdade, mas não o revelaram em seus corações. Também Jesus conhecia Deus; no entanto, não se limitou a afirmar a realidade dessas relações. Viveu o amor ao Pai, junto dos homens. Ensinando a verdade, entregou-se à redenção humana, sem cogitar de recompensa.

Entendeu as criaturas antes que essas o entendessem, concedeu-nos supremo favor com a sua vinda, deu-se em holocausto para que aprendêssemos a ciência do bem.

Não bastará crer intelectualmente em Jesus. É necessário aplicá-lo a nós próprios.

O homem deve cultivar a meditação no círculo dos problemas que o preocupam cada dia. Os irracionais também comem e bebem. Contudo, os filhos das nações nascem na Terra para uma vida mais alta.

EMMANUEL

(CAPÍTULO 34 – COMER E BEBER – EMMANUEL psic. Chico Xavier – do livro: ‘Caminho, Verdade e Vida’)

Onde está o diabo e como se opera a redenção dele?

 

“Somos pois filho amado, os Inconfidentes da Majestade Suprema, os decaídos do Éden da Pureza, os temerosos satãs, que, pelas regiões de diversos orbes, semeamos a dor, a discórdia, o ódio é vindita…

Não somos porém Perpétuos Galés do pecado.

Podemos libertar-nos de todas as incorreções, conseguir alforrias e venturas eternas trabalhando, padecendo cristãmente, resignando-nos nos momentos de rispidas provas, orando, estudando, elevando-nos moralmente, expurgando do coração os detritos dos vícios e das maldades…

Escoam-se os séculos de acervos expiações… mas as penas não são infindas – cessam um dia, e, então, os contritos e os redimidos conquistam a felicidade sem limites!

A ventura, pois, e não a dor, é que tem duração Perpétua.

Não aguarda, porém, aos evoluídos, a beatitude ou a inação, que tornaria enfadonha improdutiva e imortalidade transcorrida em um só paraíso, que poderia ser por um portento, mas perderia por todo encanto; ficaria banalizando sorvedouros dos milênios, no mesmo ambiente, no mesmo horizonte, cumprindo os mesmos deveres, com os mesmos conhecimentos, gozando, às vezes, egoística ventura, sabendo que um ente idolatrado – pai, mãe, irmão, filho, consorte ou amigo – está encerrado nas verbas, atormentado pelas chamas implacáveis, sempre avivadas pelos tridentes diabólicos… Por toda Eternidade!

Os regenerados tem de completar seu tirocínio, apenas começando neste orbe, num horizonte o mais vasto: o Infinito lhes é patenteado!

Eles percorrem todos os recantos do universo em miríades de decênios de profícuas aprendizagens.

Adquirem conhecimentos valiosos sobre todas as artes e ciências, arquivam no íntimo tesouros de virtudes, servem e obedecem inteligentemente, como súditos fiéis, à incomparável Alteza da qual, às vezes, são emissários desvelados, prestando o seu turno auxílio benéfico aos que iniciam penosas jornadas em planetas inferiores, onde a luz é esmola do Sol, onde as trevas imperam nos ares e nos espíritos…

Esta é a redenção do Lúcifer humano.

Eis, filho dileto, respondidas as primeiras arguições da tua alma ávida de revelações superiores.

Sacia-te delas, tal como os hebreus guiados por Moisés se dessedentavam com o Maná Celeste…”

(Vitor Hugo – Redenção – por Zilda Gama PG 29-30)