O Cristo e Nossa Redenção

“Cristo, provindo do primeiro motor central, o Amor, dinamiza o esforço do ser em nosso planeta, acompanha-lhe a maceração, auxilia o homem a sair do seu grosseiro invólucro material para a vida do espírito, repleta sempre de alegria. 


Assim Cristo se entranha em nossa vida terrena, como o mais poderoso fator de evolução, operando nos nossos mais elevados planos biológicos. 


Ele nos dá a mão na exaustiva subida para o centro, do ódio ao amor. 


Ele quis ensinar-nos alegrias maiores, mais reais, libertando-nos do truque ilusionista, próprio do anti-Sistema em que nos encontramos. 


Ponhamo-nos ao lado do Reconstrutor, colaboremos!


E do nosso interesse subir para a alegria e desfazer-nos da dor, apanágio natural das regiões inferiores. 


Este trabalho de reconstrução do sistema reverte inteiramente em nossa vantagem, porque significa a evasão do anti-Sistema e de todas as suas aflições. 


O sistema somos nós mesmos e, reconstruindo-o, reconstituímos o nosso poderio, a nossa felicidade. 
A Lei é a nossa vida.


Conhecê-la e executá-la cada vez melhor, redunda em viver mais intensamente sempre.


Endireitemos a nossa posição invertida, isto é, amoldemo-nos à vontade de Deus, em plena e espontânea adesão, invertendo, assim, a primeira rebelião do ser.


Deus quer a nossa livre aceitação do Seu Amor, Ele a quer por compreensão e não por força. Endireitemo-nos, rebelando-nos, ao contrário, contra a vontade de Satanás, que é a lei do Anti-Sistema.
Não nos esqueçamos de que Deus está conosco, por mais malvados que sejamos.”


Pietro Ubaldi – Deus e Universo

Mundos regeneradores

Entre as estrelas que cintilam na abóbada azul do firmamento, quantos mundos não haverá como o vosso, destinados pelo Senhor à expiação e à provação!

Mas, também os há mais miseráveis e melhores, como os há de transição, que se podem denominar de regeneradores.

Cada turbilhão planetário, a deslocar-se no espaço em torno de um centro comum, arrasta consigo seus mundos primitivos, de exílio, de provas, de regeneração e de felicidade. Já se vos há falado de mundos onde a alma recém-nascida é colocada, quando ainda ignorante do bem e do mal, mas com a possibilidade de caminhar para Deus, senhora de si mesma, na posse do livre-arbítrio.

Já também se vos revelou de que amplas faculdades é dotada a alma para praticar o bem. Mas, ah! há as que sucumbem, e Deus, que não as quer aniquiladas, lhes permite irem para esses mundos onde, de encarnação em encarnação, elas se depuram, regeneram e voltam dignas da glória que lhes fora destinada.

Os mundos regeneradores servem de transição entre os mundos de expiação e os mundos felizes.

A alma penitente encontra neles a calma e o repouso e acaba por depurar-se. Sem dúvida, em tais mundos o homem ainda se acha sujeito às leis que regem a matéria; a Humanidade experimenta as vossas sensações e desejos, mas liberta das paixões desordenadas de que sois escravos, isenta do orgulho que impõe silêncio ao coração, da inveja que a tortura, do ódio que a sufoca. Em todas as frontes, vê-se escrita a palavra amor; perfeita equidade preside às relações sociais, todos reconhecem Deus e tentam caminhar para Ele, cumprindo-lhe as leis.


Nesses mundos, todavia, ainda não existe a felicidade perfeita, mas a aurora da felicidade. O homem lá é ainda de carne e, por isso, sujeito às vicissitudes de que libertos só se acham os seres completamente desmaterializados. Ainda tem de suportar provas, porém, sem as pungentes angústias da expiação. Comparados à Terra, esses mundos são bastante ditosos e muitos dentre vós se alegrariam de habitá-los, pois que eles representam a calma após a tempestade, a convalescença após a moléstia cruel. Contudo, menos absorvido pelas coisas materiais, o homem divisa, melhor do que vós, o futuro; compreende a existência de outros gozos prometidos pelo Senhor aos que deles se mostrem dignos, quando a morte lhes houver de novo ceifado os corpos, a fim de lhes outorgar a verdadeira vida.

Então, liberta, a alma pairará acima de todos os horizontes. Não mais sentidos materiais e grosseiros; somente os sentidos de um perispírito puro e celeste, a aspirar as emanações do próprio Deus, nos aromas de amor e de caridade que do seu seio emanam.


Mas, ah! nesses mundos, ainda falível é o homem e o Espírito do mal não há perdido completamente o seu império. Não avançar é recuar, e, se o homem não se houver firmado bastante na senda do bem, pode recair nos mundos de expiação, onde, então, novas e mais terríveis provas o aguardam.


Contemplai, pois, à noite, à hora do repouso e da prece, a abóbada azulada e, das inúmeras esferas que brilham sobre as vossas cabeças, indagai de vós mesmos quais as que conduzem a Deus e pedi-lhe que um mundo regenerador vos abra seu seio, após a expiação na Terra. — Santo Agostinho. (Paris, 1862.)

(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. III, itens 16 a 18.)