98/124 UM ADEUS

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Meu filho, aí estão, nas minhas cartas despretensiosas, as primeiras impressões do meu espírito na vida do Além-Túmulo.

Por mais que me esforçasse, não pude ser fiel nas minhas descrições referentes ao aspecto que formam os ambientes dos desencarnados. Objetos e panoramas, que não se coadunam com as coisas conhecidas na Terra, é natural que permaneçam alheios à compreensão do homem e daí surge a dificuldade para que a alma liberta se manifeste com o objetivo de esclarecer as criaturas terrenas quanto à vida extracarnal.

Minhas páginas refletem justamente o panorama dos planos da erraticidade no desenrolar da última catástrofe mundial, que enlutou milhares de corações, quando se verificou o meu afastamento da vida material. Elas podem, aos olhos dos incrédulos, estar repletas de afirmações audaciosas e pouco acessíveis ao entendimento. Mas a morte é soberana e um dia os crentes e os descrentes atravessarão os caminhos da vida errática e hão de se certificar no sentido das coisas espirituais.
Ao fim dessa série de minhas elucubrações, dou graças a Jesus por havê-las conseguido e ao caridoso Guia, que me auxiliou na exposição das idéias, ajudando-me nas deficiências da minha incultura.

Nos momentos em que me aproximava de ti para escrever, sentia-lhe a salutar influência, ditando-me trechos inteiros para que eu os transmitisse
com a fidelidade possível. Vezes inúmeras corrigia a pobreza das minhas faculdades de expressão e a ele devo o que pude grafar por teu intermédio.
Possivelmente, meu filho, mais tarde prosseguirei escrevendo algo de novo; contudo, enquanto se cale a minha voz, continua desempenhando a
tarefa que se foi confiada, fazendo jus ao salário do bom trabalhador.

Nós sabemos o quanto tens sofrido no cumprimento dos teus deveres mediúnicos. Sacrifícios, dificuldades e provações, inclusive os espinhos aguçados,
que polvilham as tuas estradas, tudo isso representa o meio de redenção que a magnanimidade do Senhor nos oferece na Terra, para o nosso resgate
espiritual.

Suporta pois corajosamente, com serenidade cristã, os revezes da tua existência.

Exerce o teu ministério, confiando na Providência Divina.

Seja a tua mediunidade como harpa melodiosa; porém, no dia em que receberes os favores do mundo como se estivesses vendendo os seus acordes, ela se enferrujará para sempre. O dinheiro e o interesse seriam azinhavres nas suas cordas. Sê pobre, pensando n’Aquele que não tinha uma pedra onde repousar
a cabeça dolorida e, quanto à vaidade, não guardes a sua peçonha no coração. Na sua taça envenenada muitos têm perdido a existência feliz no plano espiritual como se estivessem embriagados com um vinho sinistro. Não encares a tua mediunidade como um dom. O dom é uma dádiva e ainda não mereces favores do Altíssimo dentro da tua imperfeição. Refleti que, se a Verdade tem exigido muito de ti, é que o teu débito é enorme diante da Lei Divina.

Considera tudo isso e não te desvies da humildade.

Nos tormentos transitórios da tua tarefa, lembra-te que és assistido pelo carinho dos teus Guias intangíveis.

Nas noites silenciosas e tristes, quando elevas ao Ilimitado a tua oração, nós, estamos velando por ti e suplicamos a Deus que te conceda
fortaleza e resignação.

A vida terrena é amarga, mas é passageira.

Adeus, meu filho!… Dentro de todas as hesitações e incertezas do teu viver, recorda-te que tens neste outro mundo, para onde voltarás, uma irmã
devotada que se esforça para ter junto dos filhos, que deixou na Terra, o mesmo coração, extravasante de sacrifício e amor.

Maria João de Deus

Livro Cartas de uma Morta ­ Psicografia Chico Xavier

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