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Não me é possível reproduzir com fidelidade absoluta tudo quanto escapou dos seus lábios, apenas, nas minhas expressões grosseiras, posso sintetizar a moral da sua inesquecível preleção:
“Irmãos, – iniciou ele, – em vossas experiências nos planos da erraticidade, compreendestes como são fugazes as ilusões do mundo físico!…
Felizmente já vos despojastes do corpo de impressões materiais, que conserváveis dentro das lembranças nocivas daquilo que, em sua maior parte, constituía o lado prejudicial da vossa existência passada. Repousastes no fim de labutas insanas e penosos trabalhos, reconstituindo o vosso organismo espiritual, combalido nas lutas.
Agora faz-se preciso que vos reergais para as tarefas dignificadoras!
Na face longínqua da Terra estão ainda, sonhando e padecendo aqueles que amastes; na superfície desse orbe distante, lutam os homens, obsecados pelo orgulho e pela impenitência. Lá, todo um campo ilimitado de trabalhos se desdobra às vossas vistas. Guerras destruidoras, sentimentos aviltantes, corações aflitos, coletividades sofredoras, trabalhadas pelas mais duras privações, leis absurdas, ignorância, martírio, insânias, tudo se confunde,
esperando a luz espiritual.
Os homens têm lutado por muitos séculos procurando a verdade, onde ela não se pode encontrar. Um dia lhes foi dado contemplar a face luminosa do Divino Plenipotenciário. Houve regeneração parcial dos abusos que se perpetravam e observou-se grande argumento da civilização. As criaturas humanas, porém, esqueceram muito depressa o Sublime Enviado. Os abusos de toda espécie reapareceram; a verdade foi obscurecida e o erro se restabeleceu no mundo.
Os homens, no seu afã de saber, criaram então as filosofias e as ciências, as quais, contudo, não podem ir além da matéria, em sua expressão mais grosseira. No orbe terreno, pois, verifica-se atualmente o eclipse das luzes espirituais.
Cabe-nos operar o movimento grandioso de restauração das crenças puras. Voltemo-nos para o solo ingrato daquele mundo de experiências e provas, onde o pão, que nutre o corpo, se mistura com os prantos amargosos das almas.
Trabalhemos! Levantemos as criaturas humanas da sua inércia moral.
Verifiquemos a nossa ação sob as vistas amoráveis daquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida…”.
Maria João de Deus
Livro Cartas de uma Morta Psicografia Chico Xavier
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