116/124 A PAISAGEM DE MARTE

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Vi-me à frente de um lago maravilhoso, junto de uma cidade, formada de edificações profundamente análoga à da Terra. Apenas a vegetação era ligeiramente avermelhada, mas as flores e os frutos particularizavam-se pela variedade de cores e de perfumes.

Percebi, perfeitamente, a existência de uma atmosfera parecida com a da Terra, mas o ar, na sua composição, afigurava-se muitíssimo mais leve. Assegurou-me, então o mestre, que me acompanhava, que a densidade em Marte é sobremaneira mais leve, tornando-se a atmosfera muito rarefeita.

Vi homens mais ou menos semelhantes aos nossos irmãos terrícolas, mas os seus organismos possuíam diferenças apreciáveis. Além dos braços, tinham ao longo das espáduas ligeiras, ligeiras protuberâncias à guiza de asas que lhes prodigalizavam interessantes faculdades volitivas. Percebi que a vida da humanidade marciana é mais aérea. Poderosas máquinas, muitíssimo curiosas na sua estrutura, cruzavam os ares, em todas as direções. Vi oceanos, apesar da água se me afigurar menos densa e esses mares muito pouco profundos. Há ali um sistema de canalizações, mas não por obras de engenharia dos seus habitantes, e sim por uma determinação natural da topografia do planeta que põe em comunicação contínua todos os mares.

Não vi montanhas, sendo notáveis as planícies imensas, onde os felizes habitantes desse orbe desempenham as suas atividades consuetudinárias. As águas são muito mais raras. As chuvas quase que se não verificam, mostrando-se o céu geralmente sem nuvens. Afirmou-me o protetor que grande parte das águas desse planeta desapareceram nas infiltrações do solo, combinando-se com elementos químicos das rochas, excluindo-se da circulação ordinária do orbe.

Maria João de Deus

Livro Cartas de uma Morta ­ Psicografia Chico Xavier

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